terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Geração Y

Outro dia vi “A rede social”. Segundo o que li de críticos, é um retrato bem completo da Geração Y, que mexe em zilhões de programas de computadores enquanto faz diversas outras coisas ao mesmo tempo, e retrata principalmente a forma cínica e arrogante como o personagem principal do filme, Mark Zuckerberg, bilionário criador do Facebook, trata desde amigos a rivais. A partir do ponto de vista em questão, o povo nascido entre os fins dos anos 70 e meados dos 80 está representada de forma fidedigna.
Os jovens adultos de hoje, categoria na qual me incluo com uma mea culpa, vive numa era em que a facilidade da informação a um clique mostra aquilo em que todas as gerações anteriores falharam. Não há um otimismo exacerbado como na década de 60, quando um festival de rock poderia mudar o mundo, ou a acidez do punk, que de uma forma ou de outra durou até o grunge, em que raiva do sistema e tentativa de alienação da sociedade eram armas, entre outros exemplos de tentativas fracassadas de melhorar o mundo.
O cinismo e a ironia imperam atualmente, seja numa conversa de bar com quem você imagina inferior a um chefe considerado incompetente. As relações (amor, amizade, parentesco), como bem exemplificou Bauman em “Amor Liquido”, são descartáveis, sendo usadas apenas ao que ela se propões e depois guardadas ou deletadas, para usar um termo em voga.
Resultado do cinismo no mercado é uma horda de jovens querendo trabalhar no que os faz feliz. Vêem pais ricos, pobres e de classe média frustrados em sua maioria, e dizem não importar como, terão felicidade através de seus ofícios. E tome zilhões de maus músicos, atores sofríveis, modelos desenganadas e escritores medianos (com mea culpa novamente), sem contar com hordas de desenhistas. E o pior, todos com acesso a internet.
Mesmo que alguns ainda possuam um talento no que se propõem, se não conseguirem se sustentar através daquilo, levarão o fardo do “e se” para o resto de suas vidas, talvez o maior medo da Geração Y.
Não sou psicólogo, nem dono da verdade, O Mito de Sísifo se encaixa muito bem. Muitos não trabalham com o que amam, e são felizes por ter hobbies e amigos nos quais encontram alegria, enquanto outros tiveram todo o reconhecimento em sua área de atuação (Kurt Cobain, Hemingway) e não se saíram tão bem nessa corrida conhecida como vida (piegas, eu sei). Conclusão? Vamos parar de reclamar um pouco, fazer por onde, e relaxar. Não se sabe o que há de melhor do que isso aqui, de qualquer forma. E também a tratar o próximo com um pouco mais de respeito, embora fãs de Restart e quiçás não entrem neste mérito.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Distopias utópicas

Não sei se posso dizer tratar-se de um gênero literário, mas adoro distopias. Alguns podem dizer que são ficções científicas, mas o substantivo contrário de utopia encaixa melhor no meu gosto, já que finais felizes não aparecem no contexto. Entre distopias prediletas, estão dois clichês máximos de crítica contemporânea disfarçada de exercícios de futurologia: “Admirável Mundo Novo” e “1984”.

Uma semelhança entre os dois é que os personagens principais de ambos os livros morrem no final. Não reclamem de spoilers, se você não leu nenhum deles ainda perdeu uma grande chance de entender como funciona o mundo e a futilidade que nos cerca, e como somos marionetes nas mãos de mestres de bonecos que nem ao menos conhecemos os rostos. Tergiverso, perdão.

Como dizia, ambos morrem, porém, de formas diferentes. O herói do tomo de Huxley se suicida, depois de virar objeto de culto dos “desenvolvidos”, por mostrar contradições que haviam sumido em um mundo asséptico, em que o prazer limpo e o trabalho sem questionamentos ou perspectivas afligiam somente uns poucos. Já o personagem principal do livro de Orwell leva um tiro, não sem antes ter o cérebro lavado e se tornar mais um apaixonado pelo bigode esquisito do Grande Irmão.

O curioso é que os dois morrem como párias, diferentes em um mundo de cidadão iguais em sua apatia e morosidade, e chegam a ser discriminados por questionarem como as coisas são. Essa longa introdução é apenas para verificar que algo semelhante ocorre no mundo real, onde aceitar e se enturmar entre o que você critica é a forma de ser aceito e sobreviver. E não falo de adolescentes que se vestem e agem para serem aceitos, e sim, do mundo adulto, onde as regras são tão ou mais estapafúrdias do que numa tribo urbana repleta de espinhentos.

Óbvio que as regras são feitas para facilitar, mas é quase impossível alguém ter uma voz no meio de hierarquias, conchavos e “as coisas são assim mesmo” que inundam justificativas vazias em empregos e relações. Vivemos a época das soluções rápidas e produtividade veloz, mas perdemos horas no trânsito e as jornadas de trabalho parecem intermináveis, já que é preciso estudar alucinadamente para não ficar para trás.

A solução? Não sei, caso a tivesse, não teria escrito esse texto, e nem acharia que no frigir dos ovos as soluções encontradas pelos autores se aproximam bastante de utopias.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Oi para ninguém

É com grande prazer turbinado a álcool que inauguro este blog da forma mais misantropa possível: sem avisar ninguém. É um espaço para reclamar de tudo, criticar, maldizer, amaldiçoar, discordar de todos os assuntos que eu não domino profundamente: política, música, relacionamento inter-pessoal, etc. Muito dificilmente serão encontrados textos elogiosos, agradecimentos e que tais, mas caso eu esteja de bom humor, o que é uma improbabilidade quase tão grande quanto Diogo Mainardi ir num churrasco na casa do Lula. Inicialmente sou só eu, mas porventura posso chamar alguém para dividir. Algumas regras, caso alguém queira entrar:

1) Proibido falar sobre relacionamentos amorosos de forma que culpas recaiam sobre os arquétipos homens canalhas/mulheres piranhas/família chata. Quaisquer clichês sobre esses personagens será sumariamente deletado.

2) Ficam expressamente proibidas as expressões: brainstorm, problema ou assunto pontual, cada um com seu cada um, startar, arte conceitual, burguesia dominadora e mídia golpista.

4)Chororô pessoal não entra. Só serão permitidas menções à vida pessoal quem escrever sobre surubas antológicas, bebedeiras lendárias, histórias toscas e/ou engraçadas, ou surubas regadas à álcool tosca e/ou engraçada.

5)Chapa-branca em opiniões é definitivamente proibida. Segure suas opiniões, por mais nazistas, niilistas, ingênuas, utópicas ou simplesmente estúpidas que elas sejam.

Por enquanto, é só. Depois, isso aqui pode aumentar, diminuir, ou sumir